sexta-feira, 28 de setembro de 2007

União instável

Por que querer o bem de quem não conheço
De quem me elogia, mas não sabe quem sou
Me confesso para quem não vejo
Compartilho a dor de um sentimento que não me flechou
As palavras transformam tristeza em sabedoria
Não importa quem se é, não importa quem se foi
Desconheço sua origem, ignoro suas crenças
Meu sorriso morre por último
A tristeza fica no meio
Ainda que choremos ao nascer
Ainda que exista a desilusão
Sei que um dia eu hei de crescer
Sei que uma hora você vai me dar a mão

Julio Cesar Oliveira

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Marinheiro sem destino

Navego nesse mundo infinito
Meio ao acaso, meio sem sentido
A estrela briga comigo
Ama-se quem não se conhece
Apaixona-se por abstração
Talvez eu saia dessa prisão
Talvez não queira do seu olhar abrir mão
Por que lá fora, se o mundo é aqui dentro
A imagem me protege, desse fraco coração
A fome e a sede revelam o eqüino bifronte
O caminho da indiferença é a única opção
Não existe lado, não existe trás
Mas é só você quem me satisfaz
Um dia volto para todos contar
As coisas desse mundo que eu não quis amar

Julio Cesar Oliveira

Mundo indiferente


Não vemos, não ouvimos, não sentimos.
No meio da noite gritamos no vácuo da solidão.
Quem somos, que caminhamos e ao lado não percebemos?
Amanhecemos e anoitecemos, retilínea é a vida para nossa visão.

No mundo dos iguais, somos desiguais.
A paisagem negativa de um espaço tomado.
Sem eira, nem beira, os que aparecem é que são os tais.
Condecorados, abençoados e sempre os mais votados.

Nada fizemos, nada conseguimos, no peito a espada.
Somente o papelão para aquecer esse coração.
Sem teto, sem terra, sem nada.
Ao abrigo do latido do companheiro cão.

Esmola, sede, fome, doença.
Quem somos, ó pátria amada.
Os indiferentes nessa grande indiferença.
A espera, sempre a espera, da pessoa amada.

Julio Cesar Oliveira

O Pão

Onde estás que me preenche o vazio noturno.
Onde estás que a divindade soube reparti-lo.
Surgido do pó, alvo do labor do campo.
Entregues àqueles que não reconhecem o teu valor.

Serias meu, fosse eu submetido aos anseios sociais.
No entanto, abandonado, maltratado, jamais o encontrarei.
Emprego, eterno desconhecido, me ajudaria tê-lo.
Mas o descalabro da vida o afasta de mim.

O caos da pressa, da velocidade, em detrimento da amizade.
É mais um tempero ácido para que eu fique onde estou.
A indiferença que ignora o avoar da mão que se estende.
É o caminho para a estrada contrária ao esplendor.

Não se zangue, se não o encontrar nesta vida.
Enganam-se aqueles que choram a partida.
A história começa quando houver a saída.
Para mais essa triste cumbuca de dor.

Julio Cesar Oliveira